quarta-feira, 3 de julho de 2019

9 de Novembro de 2016
Comentando: PRAÇA POR DO SOL

Há tempos, quando estudante no Colégio Bandeirantes,  percorria a "Estrada das Boiadas" a caminho de Botucatu (cidade na trilha indígena "Peabiru") pela “Marechal Rondon", posteriormente pela "Rodovia do Oeste", hoje, triste "Castelo Branco" .
A histórica "trilha" Estrada das Boiadas, onde está a "Praça Por do Sol" é desde 1958 a Av. "Diógenes Ribeiro de Lima", nome atual da rua onde moro.
Não há saudosismo, mas necessidade de entender o passado transmitido por fatos que nos apoiam agora em trilhas  seguras sem que os sonhos se percam nos medos de enfrentar a realidade presente, com ou sem soluções.
Fechar praças e ruas são meros e efêmeros recursos, mas não  soluções. E entrega-se a cidade à incompetência ou à falência da politica de administrar os bens públicos.

Cada praça não só tem sua função social e um elenco de histórias, como também problemas que assustam administradores "errantes", fechando seus espaços que dão resguardo a indigentes, drogados e muito mais.
Fecha-se o público como se fosse privado.

A pequena "grande" Praça Por do Sol é peculiar em sua paisagem de beleza natural, onde uma multidão de gente fica hipnotizada numa única direção por tal natureza. Nela há sonhos acordados de ver a imensa "Bola de Fogo" que nos ilumina e foge em eterno e esperançoso espaço, ressuscitado no dia seguinte.

Nela também há o corriqueiro: maconha, bebida, urina, merda de cachorro, namoro e sujeira. Há décadas a prefeitura "dava" conta de sua conservação. Agora piorou muito, mas vamos, então, nos fechar em gaiolas?  (O desenho anexo foi extraído do livro "Reflexões Urbanas" -1984 dos amigos arquitetos Ernesto Zamboni e Teruo Tamaki -).
Nos jornais e em nossas conversas profissionais, não faltam reflexões sobre o orgulho e males das cidades, seu dinamismo é nosso espelho, tema que continuarei em outro artigo.

A Praça é simples: rodeada de ruas de mãos duplas e movimentadas em um bairro privilegiado; sua topografia íngreme a torna uma arquibancada do sol que some no palco; palco também de shows de músicas; sua amplitude visual é impar na extensão da cidade à oeste, onde poucas casas, muitas montanhas e árvores se perdem no infinito; sua topografia a torna transparente, não há  recantos que crie "esconderijos"; suas poucas e suficientes arvores  não são  a causa de sua significância e fama; não é um Ibirapuera que pelas dimensões foge da segurança das leis, da Policia, portanto; não requer milhões de dólares para ser iluminada coerentemente e garantir que  seu  antigo sucesso não se perca em saudosismo; as três dúzias de casas que a rodeiam, que perdem seu sossego em fins de semana e feriados, já se beneficiam merecidamente, desde há muito tempo, como Zona Residencial pelo Zoneamento .

Hoje esse ambiente necessita ser reordenado para garantir a urbanidade que vem sendo perdida, algo que nos assusta, mas é inaceitável em ruas e bairros da cidade.
A pequena Praça, que infelizmente já foi cortada por uma creche, requer um planejamento coerente com sua força: não merece ser envolvida por grades ou construções de edificações de quaisquer espécies.

Certamente o apoio de projetos de contextualidade e conservação são indispensáveis, sob gestão semelhante àquela que o Metrô consegue cumprir sua obrigação.
 Assim como ruas chamadas "corredores" são atualizadas em sua legislação de usos, a rua à cavaleira da Praça, Des. Ferreira França, para garantir a harmonia existente, dentro do legítimo dinamismo da cidade, pode  "contribuir" com, por exemplo, dois imóveis, hoje desocupados e com difícil comercialização, para usos administrativos, segurança e infra estrutura de atendimento comunitário.
As habitações existentes deverão continuar emoldurando a sustentabilidade de uso social da Praça
A praça Por do Sol e seu entorno devem ser devidamente conservados, iluminados, monitorados com farta comunicação visual de normas de uso e segurança que a protejam do mau uso. Certamente o "Comitê Gestor do Parque - Praça Por do Sol" saberá geri-la, às expensas do Poder Publico, usando de seus  instrumentos legais .

Praças e ruas, nossos espaços públicos, requerem enfrentamento de conservação e uso seguro como sendo a riqueza maior da cidade, para chegarmos as nossas casas.
 Fecha-se o público que é público.

A Praça Por do Sol nasce na Estrada das Boiadas onde livremente São Paulo cresceu a oeste, o sol nela ainda deve se por redondo e iluminante, público !

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